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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Biblioteconomia para concursos

Estão abertas as inscrições para o curso: “Biblioteconomia para concursos”, com Gustavo Henn


Tendo em vista os concursos com previsão de abertura em 2012, BNDES, Transpetro, Detran, IBAMA, Embratur, etc. (vejam o http://concursosprevistos2012.com.br/), será realizado um curso preparatório em São Paulo.


Gustavo Henn é bibliotecário da Procuradoria Regional do Trabalho da 13ª Região, na Paraíba, mestre em Ciência da Informação pela UFPB; autor e organizador do livro Biblioteconomia para concursos, volumes 1 e 2; editor do Blog Biblioteconomia para concursos (www.extralibris.org/concursos); e ministra aulas/cursos presenciais e online para concursos, desde 2004.

O curso, teórico e prático, abordará os seguintes temas:

· Catalogação;
· RDA;
· Classificação;
· Gestão;
· Indexação e resumos;
· Formação e desenvolvimento de coleções;
· Legislação do bibliotecário (entre outros assuntos que venham a ser trabalhados).

Programe-se:


Curso: “Biblioteconomia para concursos”, com Gustavo Henn
Data: 19 de novembro de 2011 (sábado)
Horário: das 9h às 18h
Valor: R$ 150,00*

Local: Auditório da FESPSP (7º andar) – Rua General Jardim, 522 – Centro - São Paulo/SP, CEP 01221-020. Para ver o mapa, clique aqui


Vagas limitadas
*Material já incluso nesse valor. Os participantes receberão certificado.


Para mais informações e inscrições, envie um e-mail para: cursosdebiblio@gmail.com


Organização: Paloma Santos
Apoio: Moreno Barros
Bibliotecários sem Fronteiras
Instituição parceira:
FESPSP

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Viela do Livro

Em dezembro passado, deparei-me com uma matéria sobre a trajetória de um garoto, agora com 29 anos, que mora na periferia da cidade e, indo na contramão das estatísticas, largou as drogas, os assaltos, a vida de traficante e retornou à escola, entrou em contato com a arte-educação, voltou a ler e está construindo uma biblioteca em uma das favelas da Zona Sul de São Paulo.


Na ocasião a matéria que li foi escrita pelo projeto que ele, Anderson Verdiano (também conhecido como Buiú), tinha realizado durante o final de semana: Em plena noite de sábado frio, o vento e a garoa não foram capazes de dispersar a pequena multidão que aos poucos se aglomerava nas vielas do bairro Jardim Ibirapuera (periferia da Zona Sul). Não havia cadeiras, as pessoas (e muitas delas, crianças) se ajeitavam e sentavam na ruela íngrime ansiosas para ver o filme "O garoto", de Charles Chaplin. As sessões desse "cinema" acontecem uma vez por mês. Antecedendo a projeção da película, sempre há a leitura de um trecho de algum livro. Marcelo Tas, convidado por Gilberto Dimenstein, participou dessa noite realizando comentários sobre o filme, que tinha legenda em inglês. A descrição sobre o que aconteceu nessa noite pode ser vista no post de Marcelo Tas e, também, na matéria de Dimenstein, na Folha do dia 08/12/2010.




Fiquei encantada com a atitude de Anderson. Aquelas informações me fizeram ter um pouco mais de esperança na vida (porque, muitas vezes, tudo parece tão sem solução...). Foi um sopro de alegria que me fez acreditar que podemos fazer alguma diferença, uma diferença positiva, para a evolução, para o esclarecimento...


Pelo Blog do projeto Viela do Livro, entrei em contato com o pessoal para saber como poderia ajudá-los, de alguma forma, a concretizar o projeto de Buiú, que "Descobriu uma pequena casa, no fim da sua viela, que poderia ser usada como biblioteca. 'Virou meu sonho.' Imagina que, com aquela casa, as crianças e adolescentes vão ficar menos nas ruas e mais metidos nos livros. Está percorrendo várias associações do entorno, entre as quais a Casa do Zezinho, da pedagoga Dagmar Garroux, para ver se o projeto da biblioteca sai do papel.Uma das ideias é criar uma espécie de 'viela-livro'. Em todos os muros da rua, seriam copiados trechos de romances, contos ou poesias -o final daria na sonhada biblioteca. 'Dá para encher este lugar aqui de poesia.'” *


Recebi uma resposta. Foi criada uma campanha para arrecadar verba para compra da sede do projeto, onde esta prevista uma biblioteca com 6 mil livros para comunidade.
Dessa forma, realizaram um cadastro no site vakinha.com.br para que as pessoas possam colaborar. Funciona da seguinte forma: qualquer pessoa pode doar qualquer valor a partir de R$ 5,00.

Acredito no poder do livro (da leitura) para a formação de pessoas mais reflexivas, críticas e conscientes de si e do mundo a que pertencem. O caminho para um mundo mais justo passa, necessariamente, pela educação e a leitura é peça fundamental. Se você pensa como eu, ajude a construir essa biblioteca, contribua com o valor que puder! E ajude a divulgar essa iniciativa!





*Trecho publicado na matéria de Gilberto Dimenstein, na Folha de São Paulo de 08 de dezembro de 2010.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ao Sr. Super Herói

Como fazer com que ele entenda que o que realmente importa, o que faz a gente se apaixonar de verdade, não é achar que o cara é um “super herói” (que faz o trabalho de muitos de forma mais rápida e melhor, que consegue gerenciar todos os problemas e adversidades sozinho, que é um empresário bem sucedido...)? Mas que o gostar, o carinho sincero, nascem dos gestos mais singelos... como aquele olhar por cima dos óculos que ele te dá quando estão no meio de uma aula, o jeito de mexer a boca quando está pensando no que falar para te fazer um convite, a preocupação em saber se você chegou bem (sempre pedindo o envio de um sms só p/ garantir), o passo desengonçado de lambada dado “do nada” no meio de uma conversa só p/ te descontrair, a espontaneidade de cantarolar sempre que se lembra de uma música e não ter vergonha de fazer isso na sua frente... São esses pequenos gestos que mostram quem a pessoa verdadeiramente é... e é daí que nasce a admiração, o carinho...

Ser uma pessoa bem sucedida no trabalho ou na vida acadêmica são situações positivas, claro, mas não são condições “sine qua non” para gostar. Basear o gostar no sucesso profissional e/ou aquisitivo é criar uma ligação puramente interesseira e fadada ao fracasso, pois ninguém vive de vitórias todo o tempo. Se a relação é fundamentada nisso, ao menor sinal de “não vitória” (o que não significa exatamente fracasso), o deslumbramento da outra se esvai, o castelo se desmorona... não porque o outro falhou, e sim porque o relacionamento foi baseado numa falácia.

O bacana é sabermos que todos nós temos um lado que nos orgulha, que queremos mostrar às pessoas, e outro que queremos esconder. E uma relação saudável é aquela onde essas duas partes de cada um são conhecidas por ambos. A felicidade não é um estado permanente e estar num relacionamento onde os dois têm consciência do que verdadeiramente são, eles mesmos e o outro, faz com que possa existir um ajuda mútua para evoluir aquilo que ainda não está bem. Quando isso é alcançado, o sentimento de felicidade é muito mais intenso, pois foi algo atingido pelo trabalho em conjunto e de forma consciente.

O que te faz gostar de uma pessoa é o que ela pensa, como age, e não o que ela tem ou deseja mostrar ser.
Receber um CD com músicas que foram selecionadas para te agradar tem muito mais valor que um presente caro comprado numa loja. Foi o sentimento que fez com que a pessoa selecionasse de forma criteriosa música por música com a esperança de te agradar, percebe a diferença? Assim, se algum dia essa pessoa se mostrar fragilizada, seja por que motivo for, isso não dará margem a algo negativo, não “manchará sua imagem” ou a percepção que fiz dela. Porque a relação não foi baseada no achar ou esperar algo e sim no sentir e conhecer o outro. Aceitar o outro como ele realmente é, não como algo imaginado, carregado de projeções daquilo que se espera, nublando, dessa forma, a realidade.

Quando você pensa em alguém com carinho, é o sorriso espontâneo, o jeito de olhar, a maneira de falar que lhe vêem à mente, pequenos e impensados gestos que revelam como a pessoa realmente é...

Não tenha medo de se mostrar, não pense que é preciso ser extraordinário para ser aceito, para ser amado. Busque aquilo que te faz bem, realize aquilo que “você” quer. Satisfazendo nossos próprios desejos passamos a nos conhecer, a saber o que nos agrada ou não, a nos aceitar e, assim, a ter amor próprio, a autoestima necessária para que se possa amar verdadeiramente o outro.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Resposta a um amigo

São Paulo, março de 2011

Olá!

Não sei se minha opinião, de fato, ajudará em algo... mas concordo com você. É preciso manter a individualidade para ser feliz e fazer o outro feliz.
Acredito que os melhores relacionamentos, os mais sadios, são aqueles em que ambos se conhecem (ou auto-conhecem), sabem o que querem, do que gostam, que tem planos tanto de forma individual quando para a vida a dois.
O que acontece muito é exatamente o que mencionou, a pessoa vive para outro, para os filhos, para os pais... e não conhece nem mesmo quem ela própria é, quais são seus gostos, seus próprios sonhos... Acho que seu amigo deve analisar isso não só em sua nova namorada, mas nele próprio também, saber se ele se conhece integralmente. Além disso, acho importante verificar se os anseios de ambos estão em sintonia, se o que ele espera desse relacionamento e o mesmo que a namorada procura. Como ela é mais nova, pode ser que tenha alguns sonhos que seu amigo não possa ou não queira realizar... como, por exemplo, se casar ou ter filhos, e, ao meu ver, se ambos estiverem procurando um relacionamento sério, sólido, é bom saber sobre tudo isso antes que aconteça um envolvimento maior.
Assim, acredito que esses são fatores imprescindíveis para a construção de um relacionamento sério. Sem deixar de levar em conta, claro, a atração e afinidade que deve existir entre ambos, porque, sem isso, acredito que o que pode acontecer é uma grande amizade, mas não amor.

É verdade, analisando... nossas palavras soam como um receita, mesmo não sendo esse o propósito. Relacionamentos não são todos iguais, mas acho que se as pessoas fossem mais conscientes, muitos "problemas" seriam evitados. Tem gente que insiste em cometer os mesmos erros, trocam os parceiros e os erros persistem... assim não há como ser feliz de verdade. Há apenas uma ilusão, e passageira.

Ser consciente dos seus desejos, dos seus atos, dos seus anseios é fundamental para um relacionamento verdadeiramente feliz. Não sei se ajudei...rs

Um grande abraço,
P.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Os ambulantes, o abrigo de vidro e eu.

Quando deixamos a rotina e nos lançamos a algo novo nossos sentidos voltam a se aguçar.

É curioso notar como deixamos de prestar atenção nas coisas quando nossos atos se tornam costumes, hábitos mecanizados que seguem apenas a lógica do relógio.
Quando voltei a morar nessa cidade, andar de metrô era sempre uma aventura. Um turbilhão de sensações tomava conta de mim. Deleitava-me sendo apenas uma voyeur. Ficava feliz ao encontrar bebês super fofinhos nos carrinhos ou nos colos de suas mães, risadas espontâneas ao ver crianças divertindo-se de forma tão gostosa com a descoberta do metrô, as muitas informações, as conseqüências que o andar e frear do trem faziam em seus corpos, a tão esperada hora de passar por debaixo do túnel e, em algum casos, o medo ou irritação pelo barulho que levavam suas mãozinhas aos olhos ou ouvidos.
Observava as pessoas, o que liam, o que faziam, o que conversavam... imaginava como seria a vida daqueles que viajavam sozinhos e com um semblante de tristeza ou muito cansaço.
E assim minha viagem caminhava mais rápido e de maneira prazerosa. Muitas vezes escutava músicas que se tornavam a trilha sonora das histórias que ia construindo conforme os personagens que apareciam no vagão.
Depois de anos realizando o mesmo trajeto, nos mesmos horários e com o cansaço aumentando, é lamentável notar como tudo isso perdeu seu encanto...
Os “planos” também nos fazem perder essa sensibilidade. Nossa cabeça é arrebatada por uma avalanche de pensamentos sobre o trabalho, sobre as atividades a fazer, sobre as compras e as contas a pagar... e a única coisa capaz de nos acordar desse transe é o relógio. Pois é ele quem manda em nossas vidas, quem rege nossa rotina para que consigamos realizar tudo o que foi planejado.

Voltei a ter meus sentidos aguçados. Passei a ir trabalhar de carro. O trajeto não é exatamente o mesmo diariamente, pois aprendi a pegar uns “atalhos” na tentativa de escapar do trânsito em dias mais tensos... Mas algumas cenas são as mesmas, faça sol ou chuva, estando um calor escaldante ou um frio de gelar a alma, lá estão eles: os vendedores ambulantes.
Acho que criaram uma cooperativa ou alguma forma parecida de organização. São sempre os mesmos, vestindo coletes refletivos, bonés, para se protegerem do sol, e seus produtos nas mãos. Sinto como se fossem meus colegas de trabalho. Pois, todos os dias, nos vemos e nos cumprimentamos. Fico imaginando como é a vida deles, se possuem família, onde vivem, quanto ganham (se é possível viver dignamente com esse trabalho), se gostam do que fazem, se têm sonhos, se são felizes.
Eles, à mercê do tempo, eu, no conforto do meu carro. Escutando a programação da Rádio Cultura, Debussy, Mozart, Vivaldi, Bach, Villa Lobos e tantos outros, tornam-se a trilha sonora deste capítulo diário que me faz parar de pensar em mim para pensar no outro. Pensando no outro, me pego pensando em como sou responsável pela condição desse outro e o que posso fazer para amenizar as diferenças.
Depois, também penso o quão arrogante sou. Afinal, somos iguais, o ambulante e eu.
Um amigo, da época de faculdade, hoje psicólogo, uma vez questionou sobre o processo de caridade. Disse ele, se a memória não me trair, que nossa visão era errada, pois sempre partimos do princípio de que o outro só estará bem e feliz se tiver o mesmo estilo de vida que o nosso, algo muito próximo disso ou, ainda, se dermos as condições (de maneira dada, não ensinada) para que possam alcançar o que temos. Ou seja, geralmente, para a maioria das pessoas que realizam “caridade” o outro é infeliz porque não possui uma casa, um quarto bem decorado, conforto e bens materiais que o caracterizem como um consumidor pertencente à certa classe social.
Fiquei chocada ao ouví-lo. Quis argumentar (e argumentei), ficamos cada um com o seu ponto de vista. Anos depois, entendi o que ele quis dizer e passei a concordar com sua visão.
A “caridade” que fazemos é sempre material. Não é preciso ser hipócrita, dinheiro é vital para a compra de mantimentos e bens de consumo necessários à vida em sociedade (roupas, calçados, etc.), todos precisam comer e ter direito a viver com o mínimo de dignidade. No entanto, o que fazemos, na verdade, é olhar essas pessoas como “coitadas” por não terem aquilo que “nós” temos. Mas, será mesmo que o outro precisa ter uma roupa de marca? Um tênis Nike? Ou precisa saber sobre a sua história, origem e os rumos que pode tomar para se tornar um verdadeiro cidadão? Capaz de ter seus próprios desejos e discernimento para escolher aquilo que melhor lhe convier? Capaz de saber que uma calça da Diesel não traz felicidade, que “andar na moda” não lhe garante amigos verdadeiros, diálogos que te façam refletir e ações que te façam ver e sentir o que o dinheiro não compra, mas cujos benefícios para a sua formação “humana” são incalculáveis?
Assim, criamos uma legião que acredita ser obrigação daqueles que possuem um melhor “status social” ajudar, de mão beijada, os “menos favorecidos” a conquistar, também, os bens de consumo por eles desejados, mesmo que esse desejo não seja fiel à sua própria vontade e, sim, resultado das artimanhas publicitárias que fazem com que o consumidor tenha a ilusão de consciência de seus desejos de compra, quando, na realidade, não passa de um joguete nas mãos do mercado.
Os que ajudam sentem “um vazio” ou um sentimento de culpa que, a fim de ser amenizado, os levam a doar os bens que lhes sobram. Entretanto, o “condicionamento em adquirir em detrimento do pensar” é tão poderoso em nossa sociedade, que poucos se dão conta que o vazio continuará lá, pois não é essa a maneira correta de preenchê-lo.
Penso em tudo isso enquanto estou no carro e considero que o melhor a fazer é sempre agir para que a educação e o acesso à informação sejam realidade a todos. Penso na função social de minha profissão e nas ações que posso desenvolver para ajudar a tornar esse ideal em realidade.

Alguém aparece ao lado de minha janela...
É incrível encontrar um sorriso espontâneo no rosto de um trabalhador desses. Ele passa, sorri, oferece seu produto e lhe agradece de maneira alegre, desejando um “bom dia” (independente se a venda foi realizada ou não). Espanto-me. Em meu mundinho pequeno, fico admirada em ver que as dificuldades da vida não são capazes de elidir o sorriso e a esperança do rosto dessas pessoas. Em meu mundinho, descobri que tudo está errado. Nesta semana, o abrigo que construí durante 31 anos de existência simplesmente desabou. De material frágil e lacerante desfez-se sobre mim. Feridas abertas e a certeza de que não existem certezas. A certeza de saber que tudo o que fiz, pensando ser o melhor, não passou de erros, enganos e distorções que me fizeram criar uma linha de raciocínio, um comportamento, um mundo e a ilusão de que tudo nele funcionava. Agora, que a verdade bateu em minha face, enxergo que era uma vida de faz de conta na qual interpretava uma personagem. Uma enferma personagem que não vislumbrava sua própria condição.

O dia que começa é sempre uma incerteza: Fará sol? Tempo nublado? Chuva? Forte ou fraca? Passarei frio? Calor? Conseguirei vender? Conseguirei pagar meu aluguel? Comprar comida?
Assim como é incerto o trabalho e a vida desses ambulantes que, mesmo quando tudo parece atuar de forma contrária, não economizam no otimismo, na boa educação, na esperança e na gentileza, é incerto meu caminho, agora. Aprender que não existem certezas, verdades absolutas. Aprender a sempre questionar, a sempre pensar em todos os lados existentes e saber que o que se é hoje, pode-se não ser amanhã e que isso não é errado. Aprender a não ser fixa, a não ser rígida.

Aprender que a incerteza não é negativa. Aprender a caminhar nessa nova escola para poder costurar as feridas que os cacos de vidro me causaram. Aprender que é preciso tempo para que elas cicatrizem. Aprender que as marcas nos servem de lição. Aprender que sempre é possível aprender. Aprender que também é possível sorrir em dias de chuva.

terça-feira, 22 de março de 2011

O problema da falta de educação


Está cada dia mais difícil ser uma pessoa tolerante. Tive uma educação muito boa. E engana-se quem pensa que estou falando em acesso a colégios caros, cursos no exterior... Falo de educação mesmo, aquela que se aprende em casa e se aprimora na escola, aquela que, infelizmente, parece não mais existir.

Tentei, por 5 aos seguidos, ser uma pessoa socialmente correta. Mas é impossível aceitar a situação que só piora a cada dia. Ao analisar o todo, não há como não ser tomada por um ceticismo profundo.

Um governo que dá acesso ao consumo desenfreado e não educa sua população. A família, cada vez mais desestruturada (ou essa palavra sofrerá uma mudança em seu conceito, ou deixará de existir no ritmo em que a população anda): crianças nascendo aos montes, sem planejamento algum, filhos e filhas de mães sem pais, ou pais se mães, ou abandonados por ambos e criadas pelos avós... filhos e filhas de traficantes, de pais dependentes químicos... ou, ainda, filhos da classe média e alta que não conseguem ver os pais, que trabalham para dar aos filhos uma boa ($) educação ou manter o padrão de vida, pessoas de uma mesma família que não convivem entre si... onde todas as ações são realizadas em torno do dinheiro, e que acaba sendo passado aos filhos como o único bem, que rege todos os relacionamentos.
E a situação só tende a piorar.

As pessoas acham um absurdo quando digo que não terei filhos. Absurdo é colocar filhos num mundo, mais espeficicamente ainda, num país, onde a população acha mais importante ter um celular de última geração à água encanada e esgoto tratado.
Serei mais específica ainda. A educação em São Paulo é um engodo.

Muitos são os fatores que contribuem para isso e se formos analisar, por trás de cada um deles existe mais uma série de outros fatores que atuam negativamente para o cenário atual.

Pensando em tudo isso, aquela famosa frase de que "a ignorância é o caminho da felicidade" passa a fazer todo o sentido.

Mas... concentrarei minha indignação e revolta para escrever aqui o que mais me incomoda ultimamente (não que os outros problemas não me afetem) e que me fez voltar a postar (nessa válvula de escape virtual que se iniciou como uma obrigação de disciplina de faculdade e agora faz papel de terapeuta - estes que me perdoem).

Por 5 anos enfrentei ônibus e metrôs lotados, muitas vezes pegando 8 conduções por dia - entre trabalho e faculdade. Dependendo da classe social das moscas que vierem a ler este post, serei crucificada, taxada de "fraca", de uma pessoa que não sabe o que é realmente ter problemas, afinal, milhares de pessoas enfrentam essa realidade todo dia e eu, felizmente, não utilizo as linhas mais "barras pesadas" que existem.

É verdade. No entanto, caras mosquinhas, felizmente tive educação. Uma avó que morava no sítio, que mal tinha o que dar de comer aos seus filhos quando as plantações eram perdidas por geadas ou por secas, não tinha "posses", tinha algo muito mais valioso, e que depois que se conquista, nunca se perde, ela tinha educação. Mesmo analfabeta, foi a pessoa mais educada que conheci. Sabia se portar nos mais diferentes locais, sabia o quanto é importante ser uma pessoa honesta, ter caráter, respeito e moral.

Esses valores, que tive a felicidade de aprender em família, são imprescindíveis para se viver em sociedade.

A maior dificuldade está em ter que conviver, diariamente, com pessoas que não receberam essa mesma educação.

No início, e muitas vezes até hoje, tento olhar os outros indivíduos como pessoas que não tiveram a mesma oportunidade que eu e, assim, minimizar minha raiva com relação aos comportamentos insuportáveis que muitas vezes quase me tiram do sério.

Afinal, a culpa é (em sua maior parte) do governo que não deu e não dá condições para que as pessoas se eduquem, se tornem cidadãs.

O que vejo no caminho diário ao trabalho é um bando de pessoas agindo como animais... acordam, vão para seus empregos, trabalham e voltam para suas casas. Uma rotina exaustiva que faz com que o indivíduo (que nunca teve uma educação que prezasse o pensamento, a reflexão) não tenha a mínima paciência e vontade em questionar sua própria situação, o mundo que o cerca.

Para "descansar" desse ritmo mais que acelerado de vida, a pobre programação da TV, o culto evangélico ou o "mé" no bar do Zé são as opções utilizadas.

E assim os dias vão passando... e eu tendo que aguentar celulares tocando funks com letras grosseiríssimas (eufemismo) no último volume, pessoas se esgoelando em conversas vazias ao celular, bips irritantemente altos e incessantes de nextel... ou, ainda, pessoas que entram nos vagões do metrô como se fossem animais, empurrando e arrantando tudo o que está a frente, mochiladas, sacoladas e bolsadas por toda a parte... sem contar as vezes em que me sinto numa verdadeira descrição de Aluízio Azevedo sobre cheiros e aspectos de locais nada agradáveis...
Não. Não dá para aguentar isso dia após dia e não ficar revoltada, não ter acessos de raiva, não querer que o mundo exploda.

É muita diferença e parece que só aumenta mais com o tempo.
Relutei muito, mas cheguei no meu limite.
Hoje, sempre que posso, sou mais uma a atravancar o trânsito dessa cidade. Mais um carro com apenas uma pessoa, que optou pelo trânsito com conforto já que não existe transporte público de qualidade à disposição.


Enquanto as pessoas acharem mais importante o consumo, enquanto o governo continuar a privilegiar a elevação de pessoas das classes pobres à classe média, medindo essa mudança principalmente pela questão financeira, pelo poder de consumo das pessoas, em detrimento da educação, loucos são aqueles que colocam filhos no mundo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

II Seminário de Iniciação Científica da FESPSP Depoimento Paloma dos S...